Editais Culturais: como escrever um projeto para ganhar editais?
Para passar imune a crises, é ainda mais importante se preparar para buscar novas formas de financiamento para a arte e esse é o intuito desse post. Todo ano, secretarias de cultura municipais, estaduais/distritais e federais e grandes empresas lançam inúmeros editais, que muitas vezes não são aproveitados por artistas, pois há pouco conhecimento sobre como se escrever projetos para esse tipo de fomento.
Há alguns anos eu acreditava que festivais privilegiavam certos tipos de projetos menos comerciais ou mais vanguardistas. Porém, estudando o assunto e testando na prática, percebi que qualquer tipo de projeto cultural pode ganhar um edital de cultura; o segredo é saber escrever projetos para editais (que é diferente de escrever projetos para leis de incentivo).
E nós da #ArteEmCurso vamos te contar agora as principais características desses editais culturais, que irão aumentar bastante as suas chances de escrever um projeto ganhador!
Mas, qual a diferença dos editais para a Lei Rouanet?
Se você acompanha a #ArteEmCurso nas redes sociais, ou se até mesmo já foi cliente nosso, sabe que utilizamos principalmente o recurso da Lei Rouanet para a aprovação de projetos culturais, então, porque agora falar de editais? Calma, explicamos.
A Lei Rouanet continua sendo extremamente importante e eficaz, mas o nosso foco é fazer com que as pessoas consigam viver de arte, e há vários meios para se conseguir isso, e os editais culturais são um deles.
A principal diferença entre a Lei Rouanet e os editais culturais, com certeza é o meio de onde a verba patrocina o seu projeto. Enquanto que na lei de incentivo é uma porcentagem dos impostos pagos à Receita Federal – tanto para pessoa física quanto jurídica – que podem garantir parte do dinheiro necessário ou o valor completo, os editais funcionam tal como um concurso, onde há um valor pré-definido, um patrocínio direto, ou seja, a empresa ou órgão administrativo tem essa valor destinado apenas para o objetivo do edital.
Outra diferença é a forma de se escrever o projeto. Na lei de incentivo, por não haver concorrência para a aprovação, é possível ser mais abrangente, não precisando escolher todos os detalhes de antemão. Num festival de cinema por exemplo, não é necessário decidir o filme antecipadamente. Já no edital, é exatamente o contrário. É preciso entregar tudo de primeira, com nomes, orçamento e qualquer outra etapa do projeto de forma completa, detalhada, a fim de vencer a concorrência. Seu projeto será julgado apto a receber o recurso com base estrita naquilo que você escreveu.
Para mais informações sobre a diferença entre essas duas formas de execução de projeto, veja o vídeo Qual a diferença entre elaborar um projeto pra edital e pra uma lei de incentivo? no canal da #ArteEmCurso no YouTube.
A dica de ouro
A melhor forma de se conseguir algo é fazendo da forma correta. E com os editais, mais do que nunca, é necessário investir todo o seu esforço e dedicação em seguir todas as normas e diretrizes que o edital solicitar.
Pode parecer até óbvio isso, mas é necessário deixar sempre claro, pois qualquer descuido ou falta de atenção, pode ser fundamental para uma desclassificação de projeto. Além disso, escaneie todos os critérios de pontuação do edital e tente contemplar todos eles na escrita de seu projeto, da forma mais densa possível.
Trate os editais culturais tais como um concurso público, por exemplo. Todas as etapas descritas nelas possuem caráter eliminatório ou de concorrência. Então quanto mais se seguir a risca o que está descrito nas orientações, mais chance terá de ganhar o processo.
A arte de escrever para Editais Culturais
Normalmente, o parecerista que irá julgar seu projeto de edital é também um artista da área do seu projeto, logo é importante escrever de forma a encantar o parecerista. O projeto não deve ser uma monografia acadêmica e sem alma, mas uma proposta de projeto que salte aos olhos do parecerista. Então, capriche na justificativa e na conceituação de seu projeto, busque entender os principais valores do edital em questão (como originalidade, vanguardismo, acessibilidade, vulnerabilidade social) e adapte seu projeto e sua escrita para esses temas.
A maioria dos editais são regionais, tendo um foco maior em determinada parte do país, por isso é muito importante que você pesquise para saber se há editais abertos na sua cidade ou em locais próximos e acessíveis de você.
Os editais são processos únicos, tendo um próprio padrão dependendo da empresa ou da secretaria de cultura que o fornecer. Ler o documento completo e segui-lo é um dos caminhos de ouro para que o seu projeto seja aprovado.
Coerência entre orçamento, ficha técnica e cronograma
Todo projeto tem vários gastos envolvidos, e é com certeza uma das coisas que podem mais te penalizar caso não seja feito de forma coesa. Isso quer dizer que é extremamente importante saber orçar aquilo que você irá gastar, e saber se a verba disponibilizada pelo edital será capaz de arcar com os custos.
Por exemplo: se existe um edital que irá ofertar 100 mil reais para um projeto, pede que no máximo 15% seja destinado a divulgação, mas na sua proposta os gastos de divulgação ultrapassam esse teto, ela já será penalizada. O orçamento engloba tudo, desde a estrutura até o pagamento de profissionais. Uma das coisas mais importantes é manter a coerência na tríade: orçamento, cronograma e ficha técnica: Se você previu um técnico de som, por exemplo, que irá trabalhar na pré-produção, no cronograma você colocou 3 meses para essa etapa de pré-produção, e você colocou no orçamento salário para o técnico de som por 5 meses, você será penalizado.
E por falar em orçamento, tem um vídeo no canal da #ArteEmCurso no YouTube chamado Como definir os valores dos profissionais e serviços para ganhar editais culturais do governo? que fala exatamente sobre isso!
No mais, busque sempre estudar técnicas de como se sair bem na produção de projetos, procure saber mais em nossos canais de conteúdo pois sempre estamos produzindo em prol do sonho do artista a viver de arte. Eu fiz uma Live completa no Youtube da Arte em Curso, só sobre como escrever e ganhar projetos de editais. Aproveite!
Flávio Nardelli
Fundador da Arte em Curso e do Curso Viver de Arte